Escultura adquirida pela Associação Amigos do Museu de Arte de Santa Catarina para o Acervo da Instituição.
A cultura é vital
nos espaços das cidades, sua interação manifesta-se com a arte pública e seu relacionamento com a paisagem . A arte
possibilita a recuperação do espaço público
para a cultura e a construção do
imaginário. Estimula asleituras sensoriais e cognitivas. Ativa as dimensões da
cidade, cria oportunidades para explorar novas realidades e fantasias. Jorge
Schröder, escultor gaucho.Sua obra é construtivista, caracteriza-se no vigor da
forma e na força contida na matéria prima, bronze, madeira, alumínio, cobre e
resinas acrílicas. Jorge busca intuitivamente cortes e recortes desarticulados,
reinventado no gesto sensual das fendas, espaços decisivos, instigantes. Suas
esculturas metaforicamente carregam no corpo da matéria , latente paixão
contida. Paixão como dizia Bérgson: “
percebeis quando abro meu sentimento, não percebeis quando os fecho”.
O museu de Arte
de Santa Catarina e o Museu de Arte de
Joiville são contemplados com duas esculturas públicas do escultor Jorge
Schröder, obras de importante referência para o acervo museológico da Arte
Catarinense.
Msc Lygia Helena
Roussenq Neves
Diretora do MASC
Diretora do MASC
Associação
Brasileira de críticos de arte -ABCA
Entrega Oficial da escultura para Maria Terezinha Debatin
Presidente da Fundação Catarinense de Cultura.
Grupo técnico do Museu de Arte de Santa Catarina e Fundação de Cultura.
MOSTRA DE ESCULTURAS DE GRANDE PORTE
Ocorreu nos anos de 2005 e 2006 em conjunto com o escultor Pita Camargo, percorrendo cidades de Santa Catarina e São Paulo, incluindo neste percurso os Jardins da Scar em Jaraguá do Sul, a Univali em Itajaí, o MAJ- Museu de Arte de Joinville, os Jardins do Museu de Artes de Santa Catarina CIC e o MUBE Museu Brasileiro da Escultura em São Paulo.
REPOUSO EM TESÃO
Em um verso da doutrina filosófica
secreta da Índia Milenar, os Upanishads, condensa-se toda a transcendência da
matéria: Move. Não se move. Está longe e
está perto. Está dentro de tudo isso, e está fora de tudo isso.
Pares
opostos, que indicam a instabilidade da matéria e de nosso conceito de
idealização de uma solidez das massas, imbuído pela visão mecanicista de um
mundo baseado em corpos materiais sólidos e do espaço vazio.
Na arte
moderna, o questionamento do papel da matéria surge na escultura a partir do
século 20, ao libertar-se da tradição naturalista quando começa-se a discutir a
superfície dos volumes, propondo sensações visuais em lugar de meramente
valorizar a profundidade, passando os elementos tácteis a ter maior peso que o
conteúdo pictural. Entretanto, uma das
tendências mais significativas na escultura moderna, o Construtivismo, aparece no “Manifesto” de
Gabo e Pevsner como renúncia da massa como elemento escultural, restituindo a
linha à escultura e afirmando que a profundidade é a única forma do espaço.
Ficamos assim numa situação conflitual, por um lado a negação da profundidade e valorização da
superfície, por outro o envolvimento do espaço como forma participadora na conceituação da tridimensionalidade.
Diante da
obra de um escultor “em processo”, falo assim da evolução de Jorge Schröder,
hoje situando-se no construtivismo, percebo o conflito íntimo entre a doutrina
teórica e a manifestação técnico-material, no processo de uma concepção
imagética. Suas esculturas de grandes dimensões anseiam pela coexistência de um
espaço real, de um campo visual que coloque uma forma nascida estática e plena
de tensões, diante da dinâmica do mundo. Existe necessidade de integrar o
espaço como terceiro elemento de sua
construção, que talvez só a liberdade de horizontes livres permita-lhe
alcançar.
Como obra
construtivista, nota-se claramente a montagem das partes formando o bloco
escultórico, articulando-se pela soldagem ou vazamento dos planos concebidos
isoladamente, exigindo assim engenharia de projeto. Na experiência de ver, o
olhar percorre o tratamento exterior, na tactilidade do alumínio escovado e do
latão polido, deslizando pelas curvas acentuadas que pedem largar-se na
voluptuosidade das formas. Planos e curvas organizam-se estruturalmente,
cortando o espaço em que há uma expectativa de movimento, de desequilíbrios
entre topo e base, penetrante e adentrado, nas esferas que brotam ou correm
numa canaleta, naquele átimo congelado de tensão que instiga ao observador
imaginar uma situação limite.
Tensão e
pressão provocam instabilidade na massa, a forma criada parece amolecer,
encurvar-se, modificando-se pelos elementos intrusivos que nos provocam, pelo
desequilíbrio entre a expectativa de uma rigidez metálica e o amolecimento
indesejável da matéria dura, que tratada pelo artista, almeja no seu íntimo
alcançar a suavidade da pele do metal. O recorte das formas que se imbricam
sugere conjunturas em que as massas se chocam, comprimem-se, criando situações
de pressão onde as curvas côncavas pressionam para dentro enquanto as cunhas
convexas resistem – espera-se instabilidade, entretanto ocorre repouso em
tensão.
Como obras
“em processo”, existem ainda resquícios de fases anteriores, formas orgânicas
em resina acrílica que acrescentam um componente permeável à luz comprimido
pelo metal, fugindo da proposta construtivista ao conduzir a leitura para
formas da natureza. A busca pela plasticidade ainda está aqui contaminada pelo
excesso, gerando um descompasso que a determinação formal do construtivismo
exige.
Na ótica
construtivista de sua fase atual, a resposta plástica de Jorge Schröder à
solidez das massas, é a criação de volumes evocando qualidades tácteis, e um
acordo bem resolvido entre aparência e
peso da massa escultórica, tão perto e tão longe em um universo em tensão.
Walter de Queiroz Guerreiro
Membro da Associação Brasileira e Internacional
de Críticos de Arte
(ABCA / AICA)
Foram adquiridas pela associação duas obras para os mais importantes Museus de Arte de Santa Catarina,
MUSEU DE ARTES DE JOINVILLE
MAJ
MUSEU DE ARTES DE SANTA CATARINA
MASC
https://www.youtube.com/watch?v=7al8w2upbgU